sábado, 7 de março de 2015

Dia Internacional da Mulher: palestra com Anita Prestes celebra a data na Ensp/Fiocruz


Todos os anos, no dia 8 de março, o mundo reflete sobre as conquistas femininas ao longo dos séculos. As mulheres estão superando o preconceito e o machismo que existem na sociedade. Para celebrar a data, a Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) promoverá uma palestra com a historiadora brasileira Anita Leocádia Prestes. Com o tema Leocádia e Olga Benário Prestes - exemplos de rebeldia feminina, a atividade pretende retratar a trajetória de vida dessas duas mulheres marcadas pela indignação com as injustiças sociais e de apoio às posições revolucionárias de Luiz Carlos Prestes. O evento está marcado para o dia 12 de março, às 10h, no salão internacional e é aberto a todos os interessados.
Quem é Anita Leocádia Prestes
Anita, que nasceu na prisão feminina no Campo de Concentração de Barnimstrasse (Berlim/Alemanha) em 27 de novembro de 1936, é uma historiadora Teuto-brasileira, filha da militante comunista alemã Olga Benário Prestes e do militante comunista brasileiro Luís Carlos Prestes. Esteve, por toda a vida, dedicada à luta política – principalmente através de sua formação como historiadora. É autora de diversos livros – entre eles Anos Tormentosos, de 2002, Os Comunistas Brasileiros (1945-1956/58), Luiz Carlos Prestes e a Política do PCB, de 2010, e La Columna Prestes (em espanhol), do ano seguinte.
Sobre Leocádia e Olga Benário Prestes
Leocádia Felizardo Prestes nasceu no dia 11 de maio de 1874, em Porto Alegre (RS). Filha de família de posses, educada segundo os moldes tradicionais da época, falava vários idiomas, era pianista, estudou pintura, canto, declamação. Dotada de caráter enérgico e independente, Leocádia Prestes destacou-se, desde cedo, das jovens da sua classe social. No entanto, tais predicados, que lhe permitiam brilhar nos salões, não lhe bastavam. Ela gostaria de desenvolver alguma atividade útil e, ainda adolescente, manifestou o desejo de ser professora pública, o que evidentemente não pôde ser concretizado devido aos preconceitos sociais. A política e os problemas sociais a interessavam muito, pelo que era leitora apaixonada dos jornais da Corte, fato inusitado entre as moças de seu tempo.
Em 1896, casou-se com o capitão Antônio Pereira Prestes, engenheiro militar, que havia sido aluno de Benjamim Constant, na Escola Militar da Praia Vermelha, e participara, ainda cadete, da proclamação da República, no Campo de Santana. Era um homem de vasta cultura, partidário do positivismo, que era a corrente filosófica mais progressista no Brasil, no fim do século XIX. Deste relacionamento, nasceu Luiz Carlos Prestes.
O convívio com o marido muito contribuiu para que Leocádia Prestes ampliasse sua cultura geral e aprofundasse ainda mais o seu interesse pela política e pelas questões sociais. Anos mais tarde, ela contaria aos filhos a ansiedade com que ela e o marido viveram episódios como a Guerra de Canudos ou o célebre Caso Dreyfus, na França, que comoveu todos os setores progressistas, na passagem do século.
Olga Benário Prestes (Munique, 12 de fevereiro de 1908 - Bernburg, 23 de abril de 1942) foi uma jovem militante comunista alemã de origem judaica, filha de Eugénie Gutmann Benário e Leo Benário, advogado e membro ativo do Partido Social-Democrata Alemão. Com apenas quinze anos, em 1923, juntou-se à organização juvenil do Partido Comunista Alemão (KPD). Pouco tempo depois, mudou-se para Berlim com o então namorado Otto Braun, devido a conflitos ideológicos com o pai. Olga ascendeu dentro do movimento comunista alemão após conflitos de rua contra milícias de extrema-direita no bairro de Kreuzberg, próximo a Neukölln. Foi presa e acusada de alta traição à pátria, assim como seu companheiro Braun, porém foi solta pouco tempo tempos, enquanto Braun não. Junto de seus colegas de militância, planejou então o assalto à prisão de Moabit e liberta Braun. Fugiram para a União Soviética, onde Olga recebeu treinamento político-militar. Separou-se de Braun em 1931.
Foi enviada ao Brasil em 1934, por determinação da Internacional Comunista, para apoiar o Partido Comunista Brasileiro, junto de Luís Carlos Prestes, que tornaria-se seu companheiro, com o objetivo de liderar uma revolução armada com o apoio de Moscou. Em novembro de 1935, enquanto caminhavam os preparativos insurrecionais, um levante armado estourou na cidade de Natal, o que fez com que Prestes ordenasse que a insurreição fosse estendida ao resto do país. Porém, somente algumas unidades militares de Recife e do Rio de Janeiro sublevaram-se. A insurreição foi fortemente reprimida pelo governo Vargas e muitos líderes comunistas foram presos. O episódio ficou conhecido como Intentona Comunista.
Após a Intentona, Olga e Prestes conseguiram viver na clandestinidade por mais alguns meses, mas acabaram presos em 1936. Na prisão, descobriu que estava grávida de Prestes. No mesmo ano foi deportada para a Alemanha nazista. Foi presa pela Gestapo ao chegar na Alemanha em 18 de outubro de 1936 e então levada para a Barnimstrasse, prisão de mulheres da Gestapo, onde teve sua filha, Anita Leocádia Prestes, que ficaria em seu poder até o fim do período de amamentação e depois, entregue à avó D. Leocádia. Olga é executada em 23 de abril de 1942, com 34 anos de idade, na câmara de gás com mais 199 prisioneiras, no campo de extermínio de Bernburg.
Dia Internacional da Mulher
O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, tem como origem as manifestações das mulheres russas por melhores condições de vida e trabalho e contra a entrada da Rússia czarista na Primeira Guerra Mundial. Essas manifestações marcaram o início da Revolução de 1917. Entretanto a ideia de celebrar um dia da mulher já havia surgido desde os primeiros anos do século XX, nos Estados Unidos e na Europa, no contexto das lutas de mulheres por melhores condições de vida e trabalho, bem como pelo direito de voto.
No Brasil, as movimentações em prol dos direitos da mulher surgiram em meio aos grupos anarquistas do início do século 20, que buscavam, assim como nos demais países, melhores condições de trabalho e qualidade de vida. A luta feminina ganhou força com o movimento das sufragistas, nas décadas de 1920 e 30, que conseguiram o direito ao voto em 1932, na Constituição promulgada por Getúlio Vargas. A partir dos anos 1970 emergiram no país organizações que passaram a incluir na pauta das discussões a igualdade entre os gêneros, a sexualidade e a saúde da mulher. Em 1982, o feminismo passou a manter um diálogo importante com o Estado, com a criação do Conselho Estadual da Condição Feminina em São Paulo, e em 1985, com o aparecimento da primeira Delegacia Especializada da Mulher.

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