sábado, 12 de julho de 2014

110 anos de Pablo Neruda

Obra de Neruda permanece viva. Chile presta homenagem ao poeta

Pablo Neruda, Luiz Carlos Prestes e Jorge Amado (julho de 1945)


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Um homem só pode morrer uma única vez. Mas um poeta, ainda que morra mil vezes, permanecerá vivo enquanto for celebrada a sua poesia. Há 110 anos [12/7/1904], nascia no interior do Chile, em Parral, Neftalí Ricardo Reyes Basoalto, o menino que viria a ser conhecido como Pablo Neruda. Publicou os primeiros poemas aos 14 anos e nunca mais parou. Trabalhou como professor de francês, editor de revistas, cônsul do Chile e foi uma das vozes da poesia da América do Sul. 


“Pablo Neruda deve ser lembrado por si só, no sentido da essência pela pessoa e pelo poeta que foi”, afirma Fernando Sáez, diretor da Fundação Pablo Neruda em Santiago, no Chile. Por lá, as comemorações hoje contam com um apelo tecnológico. Uma imagem holográfica do poeta percorrerá as ruas da mesma forma como ele fazia em vida. A celebração incluirá a doação da Biblioteca Multilíngue Pablo Neruda à escola Villa Las Estrellas, na Ilha do Rei George, na Antártida, onde convivem bases de diversos países. O poeta, que chegou a receber o Nobel de Literatura em outubro de 1971, morreu em 23 de setembro de 1973, duas semanas depois do golpe militar que levou Augusto Pinochet ao poder naquele país, duro trauma para um socialista assumido e defensor da liberdade incondicional, na vida e na poesia. 



Os fãs do poeta têm mais um motivo especial para comemorar a data. Foi anunciada no mês passado a descoberta de 20 poemas inéditos de Neruda. “Trata-se de um trabalho minucioso de pesquisa, página por página, de manuscritos dele”, conta o diretor da Fundação Pablo Neruda, Fernando Sáez. Não se tratam de poemas que estavam guardados nem foram os últimos do poeta. “São textos escritos entre os anos de 1955 a 1970 e que, por algum motivo, não entraram nos livros que ele publicou nesse período”, explica. São seis sobre amor e mais 14 de outros temas. O material tem publicação prevista para este ano pela editora Planeta.

Salvador Allende e Pablo Neruda 




Entrevista >> Fernando Sáez, diretor da Fundação Pablo Neruda 



“Ele abriu uma porta no exterior”



Qual a importância de se recordar Pablo Neruda? 
Deve ser lembrado por si mesmo! Pela essência dele, foi um dos poucos poetas que permanecem vivos, na popularidade e na leitura. Os principais temas da poesia dele — a natureza, o amor, os animais, o mar e as coisas simples — são assuntos que podem facilmente interessar a qualquer um.



Qual é a importância de Neruda para a poesia da América do Sul?
Acredito que seja na América do Sul que ele tem mais seguidores — um pouco óbvio. Mas, de qualquer maneira, ele abriu uma porta no exterior para toda a poesia hispânica. Por isso tanta gente seguiu essa tradição. 



E com o poeta Vinicius de Moraes? 
Eles não se encontravam com muita frequência, mas eram grandes amigos. Vinicius sempre foi um celebrador da vida, assim como Neruda. Eles tinham uma afinidade poética, uma sensibilidade em comum. Quando lemos os poemas que trocaram, as cartas, fotografias, percebemos que é um material que revela uma amizade muito sincera e profunda, uma admiração mútua.



Para conhecer Neruda



História natural de Pablo Neruda — A elegia que vem de longe de Vinicius de Moraes
Companhia das Letras
Preço: R$ 37



Mostra concreta da amizade  de longa data entre Pablo Neruda  e Vinicius de Moraes.



Memorial de Isla Negra de Pablo Neruda
Coleção L&PM Pocket
Preço: R$ 19,90



Reunião de memórias que homenageiam Isla Negra, uma cidade de pescadores em que Neruda viveu de 1939 a 1973.



Os versos do capitão de Pablo Neruda
Bertrand Brasil
Preço: R$ 40.



Os versos publicados há mais  de 25 anos estão disponíveis  em versões em espanhol e  em português.



Confesso que vivi de Pablo Neruda
Bertrand Brasil
Preço médio: R$ 58



A autobiografia apresenta um Pablo Neruda orgulhoso de sua pátria e amigo de seu povo. Também exibe diários, memórias e cartas do poeta chileno.



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