terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

85 pessoas possuem o mesmo patrimônio que 3,5 bilhões. Essa tragédia tem nome: capitalismo!




Editorial do Boletim SINASEFE nº 545 - 4 de fevereiro de 2014
Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica - SINASEFE

Não se trata de uma novidade e não foi uma surpresa conhecer alguns dos números da desigualdade no mundo na última semana. Esses números apenas comprovam problemas que vivemos em nosso cotidiano e  reafirmam a necessidade de lutar por um mundo onde as riquezas sejam distribuídas e não se compartilhe apenas a pobreza, como vemos hoje.

Atualmente apenas 85 pessoas em toda Terra detém 46% da riqueza do planeta, um patrimônio de 1,7 trilhões de dólares. Para atingir essa fortuna precisamos somar o patrimônio da população mais pobre do planeta, num total de 3,5 bilhões de pessoas, e só assim chegamos nessa cifra.

É algo quase inacreditável, vejamos  esses dados novamente: somando o “patrimônio” (ou a falta dele) de 3,5 bilhões de pessoas espalhadas pelo mundo, teríamos um total de U$$ 1,7 trilhões, valor que corresponde ao acúmulo de riqueza das 85 pessoas mais ricas do planeta.

A divulgação dos números, contidos no relatório “Trabalhando para Poucos” (Working for the Few) da ONG Oxfam Internacional, aconteceu também num ambiente inusitado: durante o Fórum Econômico Mundial 2014, realizado na Suíça (um dos maiores paraísos ficais do planeta), espaço construído para refletir sobre a “estabilidade” econômica mundial.

A ONG defendeu, em suas recomendações aos/às participantes do Fórum, que se comprometessem a não sonegar impostos, não usar a riqueza econômica para conseguir favores políticos que prejudiquem a democracia, dentre outras medidas. Propôs também o estabelecimento de metas globais para acabar com a desigualdade econômica em todos os países.

Sabemos que as propostas apresentadas a partir do relatório são importantes para a eliminação da desigualdade. Mas é preciso ter clareza da única solução verdadeira para eliminar as desigualdades
no planeta: acabar com a propriedade privada dos meios de produção e com a sociedade de classes.

Como o próprio nome do relatório nos leva a concluir, não podemos continuar trabalhando para poucos. É preciso destruir essa relação parasitária em que bilhões trabalham para que dezenas usufruam das positividades desse trabalho. E essa necessidade é urgente, especialmente se consideramos o ritmo acelerado da concentração de riqueza nos últimos 25 anos.

Trata-se de uma mudança necessária, prioritária, “para ontem”! E confirmamos isso olhando para os dados recentes da Organização Internacional do Trabalho (OIT): 200 milhões de trabalhadores/as estão desempregados/as no mundo (número maior que o da população brasileira),
dos quais 73 milhões de jovens. A confirmação se reforça ao avaliarmos, também, os dados divulgados
pela Organização das Nações Unidas (ONU) acerca da miséria no mundo: 18 milhões de pessoas morrem de fome por ano, algo em torno de uma vida a cada 5 segundos. Eis a revelação de uma barbárie real, escondida, que pouco temos feito para extirpá-la.

Nem precisamos buscar dados de muito longe para nos convencer da necessidade de lutar pelo fim do capitalismo, basta olhar em volta e observar a violência do nosso Estado, que não oferece condições de vida digna a milhões de brasileiros/as e destina quase metade do orçamento público para os banqueiros, enquanto que educação, saúde, transporte, cultura, assistência social, previdência e outros setores essenciais dividem migalhas.

Nesse sistema capitalista, tanto no Brasil quanto no mundo, a prioridade dos governos sempre será manter e maximizar os lucros dessa burguesia perversa, mesquinha e representada por 85 pessoas. Estes/as poucos/as caberiam dentro de um ônibus e suas riquezas podem comprar milhões deles!

Quando exigimos um serviço público melhor, aumento de recursos para serviços essenciais à sociedade, respeito e d i g n i d a d e aos/às trabalhadores/as, estamos lutando para que os governos rompam com este ciclo bárbaro de desvio das riquezas que nós produzimos para poucos/as.

Nossa luta diária em nossos locais de trabalho, de estudo, em nossas comunidades etc, é parte de uma luta muito maior. Nossas greves e manifestações, que se chocam contra a intransigência dos governos e com a repressão armada das polícias, são nossa contribuição para mudar essa realidade.

São inúmeras batalhas colocadas para este ano de 2014. A luta por serviços públicos “padrão FIFA”, as greves para garantir nossos direitos, denunciar os gastos públicos desnecessários com estádios superfaturados, impedir novamente o aumento das tarifas de transportes, combater as opressões, dentre outras tantas que ainda aparecerão.

Na próxima quarta-feira (5), em unidade com demais Servidores/as Públicos/as Federais, vamos lançar nossas reivindicações e exigências ao Governo Dilma! Construiremos uma marcha para marcar o início dessa campanha em Brasília/DF.

Que esse enfrentamento político, que estamos iniciando, seja uma mediação para a luta que realmente nos interessa: a luta pela emancipação humana e construção de uma sociedade justa, onde não mais seja
possível que 85 pessoas acumulem o m e s m o q u e 3,5 b i l h õ e s d e trabalhadores/as.

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