quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Com inédito de Marx e Engels, 2013 da Expressão Popular promete!

A Editora Expressão Popular planeja para 2013 o lançamento de Cartas sobre o capital, obra que reúne a correspondência de Marx e Engels de 1844 à morte do segundo, em 1895. Tal material jamais foi publicado no Brasil, e apresenta reflexões inéditas dos principais pensadores da história da esquerda sobre assuntos pouco explorados no restante de sua fundamental obra. Além disso, os Manuscritos econômico-filosóficos de Marx ganharão nova edição, que além do preço acessível contará com o diferencial de trazer também os Cadernos de Paris do autor, que reúnem notas tomadas durante o ano de 1844.

Entre as diversas obras e iniciativas, pode-se destacar, por exemplo, o relançamento de A crise do movimento comunista, justamente no centenário de seu autor, Fernando Claudín. Há anos esgotado e fora de catálogo, este livro que foi traduzido para o português na metade dos anos 1980 volta em tradução revisada e com apresentação de José Paulo Netto, que aponta: “Pouco importa se aceitamos ou não as conclusões de Claudín (e quem escreve esta apresentação recusa várias delas) – há que agradecer-lhe por nos ajudar a nos compreender melhor. Certa feita, o jovem Marx observou que ‘a exigência de abandonar as ilusões sobre sua condição é a exigência de abandonar uma condição que necessita de ilusões’. Esta obra de Claudín contribuiu/contribui vigorosamente para que os comunistas se libertem de uma tal condição – e, menos crédulos, ingênuos e desinformados, se tornem efetivamente melhores comunistas”.
No campo da cultura, alguns títulos já estão bem encaminhados para abrir alas para esse importante flanco da reflexão social. É o caso, por exemplo, de Os marxistas e a arte, de Leandro Konder, a biografia Vianinha: cúmplice da paixão, de Dênis de Moraes, e O samba e a questão social, organizado por Marcelo Braz.
A preocupação com a questão agrária, tema fundamental para a compreensão da realidade brasileira, não poderia ficar de fora, e a Expressão Popular vem somar-se novamente a esta luta com a conclusão da publicação da coleção “A questão agrária no Brasil”, que em 2013 ganhará seus volumes 6, 7 e 8, que discutirão o debate e as perspectivas da reforma agrária nos anos de 1990-2010.  
O feminismo também terá espaço entre os lançamentos de 2013, com a previsão de publicação de um clássico e uma novidade. Em Participação da mulher cristã na igreja e na política, que sairá pelo selo Outras Expressões, Isabel Cruz aprofunda as conexões, nem sempre harmoniosas, entre mulheres, igreja e política. Já a reedição A mulher na sociedade de classes, de Heleieth Safioti, representa o compromisso com este debate, mantendo vivo este clássico há muito tempo esgotado.
MAIS INFORMAÇÕES: Editora Expressão Popular

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Prestar atenção ou anotar, eis a questão! Professores indicam símbolos e técnicas para melhorar as anotações





Prestar atenção ou anotar, eis a questão! Coordenar as anotações feitas em sala de aula e o foco no aprendizado não é tarefa fácil. No entanto, técnicas de anotação aliadas a abreviaturas e símbolos facilitam a vida do estudante e tornam o material de estudo mais eficiente. 
Símbolos de taquigrafia –método de abreviação que substitui palavras, sílabas e expressões – são uma maneira de agilizar a escrita. O professor Paulo Volnei Bernardi afirma que essa é uma boa forma para alunos passarem para o papel a linguagem falada em sala.
Segundo Bernardi, o método, muito usado em tribunais, assembleias e câmaras, é um diferencial para os alunos de ensino fundamental, médio e superior.
Há diferentes técnicas de taquigrafia, no país as mais usadas são os métodos Maron e o Leite Alves, genuinamente brasileiros. Conforme a técnica usada, mudam os símbolos utilizados.
Além da taquigrafia, há também o método Cornell, usado não para traduzir com rapidez a fala do professor, mas para organizar e sistematizar as anotações. 
Na taquigrafia, o som é a essência para o processo de tradução e no Cornell tudo está baseado no sistema visual. Com ele, o estudante é  capaz de identificar rapidamente o conteúdo, pois disposição das anotações é mais didática. A técnica ajuda muito na hora de revisar a matéria. 

Descobrir o próprio aprendizado

"Tem gente que precisa ouvir e anotar depois. Outras ficam anotando o tempo todo. Alguns parecem não estar prestando atenção na aula, mas é porque estão escrevendo", explica a professora do mestrado em Estudo de Linguagens do Cefet-MG (Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais), Ana Elisa Ribeiro.
A dica da professora é que o estudante faça um resumo do que lhe interessa. Para ela, o melhor é quando o aluno tem a habilidade de "sumarizar" a fala do professor com uma ideia própria e assim anotar somente o que absorveu da aula.

Dicas para anotações

  • Escreva o que foi dito com suas próprias palavras
  • Não se preocupe com a correção gramatical imediata após a anotação
  • Anotar os dados em tabelas é útil para estabelecer comparações 
  • Tente transcrever a aula em linhas gerais na forma de itens usando travessões, abandonando os registros por parágrafos longos
  • Usar mapas e esquemas pode ser um bom método para quem gosta de participar da aula 

CONFIRA CINCO MÉTODOS PARA TORNAR AS ANOTAÇÕES MAIS EFICIENTES

MétodoDescriçãoQuando usarVantagensProblemas
CornellDivide o espaço do papel em três: para informações principais, palavras-chave e para relações entre os conteúdosEm aulas ou palestras em geral. O método facilita a revisão de conteúdo para as provas e exames posterioresSistematiza as anotações e facilita a revisão de conteúdos. Economiza tempo, pois não é preciso passar o texto a limpoNenhum
Linhas geraisConsiste em anotar as informações com travessões e margens. A informação mais geral começa na esquerda; as mais específicas, ganham indentaçõesQuando há tempo suficiente para pensar antes de colocar a informação no papel. O formato é eficiente quando sua habilidade de tomar notas já está afiadaÉ organizado se for utilizado corretamente. As margens mostram as relações entre os conteúdos anotados. Fica fácil de observar os pontos principais e os secundáriosExige mais reflexão durante a aula antes de escrever o conteúdo no caderno. O método não é bom quando o professor fala muito rápido
MapeamentoUtiliza as habilidades de compreensão e de concentração. Os mapas gráficos criados mostram a relação entre os conteúdosFunciona em palestras e aulas que exigem participação. Com um gráfico, é mais fácil ter entendimento imediato da matériaAjuda a prestar atenção à aula. Com cores diferentes, fica fácil visualizar os pontos principais do conteúdo na hora da revisão para a provaA transição dos pontos principais para pontos secundários pode ser esquecida na hora de anotar o conteúdo
TabelasConsiste em arranjar os dados em uma tabela, com divisões em categorias. É apropriado para fatos históricos, conteúdos de biologia ou de geografia, por exemploEmpregado quando o assunto tem categorias, é denso e apresentado rapidamente. Funciona quando você já pensou nas divisões da matériaEncontrar informações relevantes fica bem fácil. Funciona bem para memorizar fatos ou características do assunto quando você tem uma avaliaçãoA maior dificuldade é dividir as anotações em categorias. Pode ser necessário elaborar a tabela antes de a aula começar
Sentenças ou frasesCada pensamento, fato ou tópico é escrito em uma linha separadaÉ bom para aulas organizadas, com conteúdo denso e ministrado rapidamenteÉ mais organizado do que o parágrafo e absorve muita informaçãoNão é possível diferenciar pontos principais dos secundários
  • Fonte: Centro para Ensino e Aprendizado da Universidade de Stanford


Há 160 anos, nascia José Martí, o grande mártir da Independência de Cuba



Em 28 de janeiro de 2012, comemora-se 160º aniversário de nascimento do mentor intelectual dos revolucionários cubanos, José Julián Martí Pérez (Havana, Cuba, 28 de janeiro de 1853 – 19 de maio de 1895, Dos Rios, Cuba).
Filho de pai espanhol e mãe natural das Ilhas Canárias, José Martí é considerado o apóstolo e o grande mártir da Independência de Cuba em relação à Espanha. Além de poeta e pensador fecundo, desde sua mocidade demonstrou sua inquietude cívica e sua simpatia pelas ideias revolucionárias que gestavam entre os cubanos.
Influenciado pelas ideias de independência de Rafael Maria de Mendive, seu mestre na escola secundária de Havana, inicia sua participação política escrevendo e distribuindo jornais com conteúdo separatista no início da Guerra dos Dez Anos. Com a prisão e deportação de seu mestre Mendive, cristaliza-se a atitude de rebeldia que Martí nutria contra a dominação espanhola.
Em 1869, com apenas 16 anos, publica uma folha impressa separatista, El Diablo Cojuelo e o primeiro e único número da revista La Patria Libre. No mesmo ano passa a distribuir um periódico manuscrito intitulado El Siboney. Pouco depois é preso e processado pelo governo espanhol por estar de posse de papéis considerados revolucionários. É condenado a seis anos de trabalhos forçados, mas passa somente seis meses na prisão até que, em 1871, com a saúde debilitada, sua família consegue um indulto e obtém a permuta da pena original pela deportação à Espanha. Na Espanha, Martí publica, naquele mesmo ano, seu primeiro trabalho de importância: El Presidio Político en Cuba, no qual expõe as crueldades e os horrores vividos no período em que esteve na prisão em Cuba. Nesta obra já se encontrariam presentes o idealismo e o estilo vigoroso que tornariam Martí conhecido nos círculos intelectuais de sua época. Mais tarde dedica-se ao estudo do Direito, obtendo o doutorado em Leis, Filosofia e Letras da Universidade de Zaragoza em 1874.
Em 19 de maio de 1895, no comando de um pequeno contingente de patriotas cubanos, após um encontro inesperado com tropas espanholas nas proximidades do vilarejo de Dos Ríos, José Martí é atingido e vem a falecer em seguida. Seu corpo, mutilado pelos soldados espanhóis, é exibido à população e posteriormente sepultado na cidade de Santiago de Cuba, em 27 de maio do mesmo ano.
Para Martí, a luta deveria ser uma verdadeira transformação cubana em todos os aspectos: econômico, político e social. Os ideais de Martí, junto com o marxismo-leninismo, guiam a política de Cuba até hoje.



El nuevo Martí de José Luis Fariñas

Martí. Fariñas, pastel graso. Enero, 2013.
Martí. Fariñas, pastel graso. Enero, 2013.
Maestro
Agradece al mar,
no las islas con sus peces de fuego
o la piedad dentada entre arrecifes,
no el horizonte de cielos como resaca de odiseas
ni la ilusión antigua del regreso.
Agradécele no más que lo más grave:
su sal toda en el costado abierto.
FONTE: CubaDebate

sábado, 26 de janeiro de 2013

Líder do MST é assassinado a tiros em Campos (RJ)



Coordenador de ocupação do MST na Usina Cambahyba é assassinado no Rio




O trabalhador rural e militante do MST Cícero Guedes foi assassinado por pistoleiros nesta sexta-feira (25/1), nas proximidades da Usina Cambahyba, no município de Campos dos Goytacazes (RJ).
Cícero foi baleado quando saía do assentamento de bicicleta. Nascido em Alagoas, ele foi cortador de cana e coordenava a ocupação do MST na usina, que é um complexo de sete fazendas que totaliza 3.500 hectares.
Esse latifúndio foi considerado improdutivo, segundo decisão do juiz federal Dario Ribeiro Machado Júnior, divulgada em junho.A área pertencia ao já falecido Heli Ribeiro Gomes, ex-vice governador biônico do Rio, e agora é controlada por seus herdeiros.
Cícero Guedes era assentado desde 2002 no Sítio Brava Gente, no norte do Rio de Janeiro, no assentamento Zumbi dos Palmares, mas continuou a luta pela Reforma Agrária. Era uma referência na construção do conhecimento agroecológico tanto entre os companheiros de Movimento como também entre estudantes e professores da Universidade do Norte Fluminense.
No lote, ele desenvolvia técnicas da agroecologia, com uma diversidade de plantas , respeitando a natureza e aproveitando de tudo que ela poderia dar. Começou com o plantio de sua cerca viva de sabiá, que viu sua propriedade melhorar visualmente e também obter uma boa fonte de renda.
Cícero também era conhecido pelas suas bananas, presentes em muitas partes do lote, consorciadas com leguminosas, milho e espécies frutíferas.Os filhos cresceram vendo a experiência se desenvolver e aprenderam com o pai que os alimentos produzidos na agroecologia  têm  qualidade superior aos do supermercado
O agricultor assentado Cícero Guedes dos Santos, desde o inicio da ocupação do seu lote em 2002, já possuía o desejo de ter em sua área diversidade de plantas , respeitando a natureza e aproveitando de tudo que ela poderia dar. A natureza , inclusive, foi a fonte de inspiração para esse tipo de consciência e o entendimento da mesma fez com que esse sentimento de preservação e convívio fosse dia-a-dia aumentando.
Violência do latifúndio
O complexo de fazendas tem sido palco de todo tipo de violência: exploração de trabalho infantil, exploração de mão de obra escrava, falta de pagamento de indenizações trabalhistas, além de crimes ambientais.
Em dezembro, o Incra fez o compromisso de criar um assentamento na área da usina, mas até agora não avancou no sentido de assentar as famílias.
A morte da companheiro Cícero é resultado da violência do latifúndio, da impunidade das mortes dos Sem Terra e da lentidão do Incra para assentar as famílias e fazer a Reforma Agrária. O MST exige que os culpados sejam julgados, condenados e presos.
As fazendas da Usina Cambahyba acumulam dívidas de milhões com a União e seu processo de desapropriação está paralisado há 14 anos — desde que o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) considerou aquelas terras improdutivas e passíveis de desapropriação para fins de reforma agrária.
Porém, a dívida da usina não se limita ao aspecto financeiro. No último mês de maio, os brasileiros ficaram estarrecidos com a revelação de que os fornos de Cambahyba foram usados para incinerar corpos de 10 militantes políticos durante a ditadura civil-militar brasileira. A confissão do ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), Cláudio Guerra, consta no livro “Memórias da uma guerra suja” e foi divulgada por toda a imprensa.
Até hoje, porém, a Justiça Federal impede a desapropriação da área e já determinou despejos violentos de famílias que reivindicam a terra. Essa é a segunda vez que o MST realiza uma ocupação na área da usina.
A primeira foi em 2000, e seis anos depois, as Polícias Federal e Militar, por decisão da Justiça Federal de Campos, despejaram as 100 famílias que haviam criado o acampamento Oziel Alves II.


sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Kátia Abreu teme ser excomungada?


Por Altamiro Borges

Na quarta-feira (23), o bispo emérito de Goiás Velho, Dom Tomás Balduino, publicou na coluna de debates da Folha um artigo incisivo contra Kátia Abreu, presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e senadora do PSD de Tocantins. Hoje, a ruralista que tem uma coluna semanal no mesmo jornal retrucou no texto “Não darás falso testemunho”. Ela jura que “como católica praticante, jamais imaginei um dia polemizar com um representante da mais alta hierarquia da fé que professo”. Mas parte para o ataque!


A representante maior do latifúndio no país acusa Dom Tomás Balduino de ter escrito um “texto rancoroso e eivado de fúria acusatória e caluniosa”. Diz ainda que “a fé que professo não parece ser a mesma que a dele. As palavras que me dirigiu não foram de um cristão. Minha fé não é a do ódio revolucionário, que incita o conflito e trata como pecadores os que dele divergem ideologicamente”. Kátia Abreu também faz citações bíblicas e se referência no seu ídolo, o papa Bento 16. Ela até parece temer ser excomungada!

Mas o que incomodou tanto a presidenta da CNA? Reproduzo abaixo o artigo de Dom Tomás Balduino, um dos mais renomados nomes da Igreja Católica e expoente da Teologia da Libertação.  

*****

Apreensão no campo

Eis o quadro: o pequeno agricultor Juarez Vieira foi despejado de sua terra, em 2002, no município tocantinense de Campos Lindos, por 15 policiais em manutenção de posse acionada por Kátia Abreu. Juarez desfilou, sob a mira dos militares, com sua mulher e seus dez filhos, em direção à periferia de alguma cidade.

O caso acima não é isolado. O governador Siqueira Campos decretou de "utilidade pública", em 1996, uma área de 105 mil hectares em Campos Lindos. Logo em 1999, uns fazendeiros foram aí contemplados com áreas de 1,2 mil hectares, por R$ 8 o hectare. A lista dos felizardos fora preparada pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Tocantins, presidida por Kátia Abreu (PSD-TO), então deputada federal pelo ex-PFL.

O irmão dela Luiz Alfredo Abreu conseguiu uma área do mesmo tamanho. Emiliano Botelho, presidente da Companhia de Promoção Agrícola, ficou com 1,7 mil hectares. Juarez não foi o único injustiçado. Do outro lado da cerca, ficaram várias famílias expulsas das terras por elas ocupadas e trabalhadas havia 40 anos. Uma descarada grilagem!

Campos Lindos, antes realmente lindos, viraram uma triste monocultura de soja, com total destruição do cerrado para o enriquecimento de uma pequena minoria. No Mapa da Pobreza e Desigualdade divulgado em 2007, o município apareceu como o mais pobre do país. Segundo o IBGE, 84% da população viviam na pobreza, dos quais 62,4% em estado de indigência.

Outro irmão da senadora Kátia Abreu, André Luiz Abreu, teve sua empresa envolvida na exploração de trabalho escravo. A Superintendência Regional de Trabalho e Emprego do Tocantins libertou, em áreas de eucaliptais e carvoarias de propriedade dele, 56 pessoas vivendo em condições degradantes, no trabalho exaustivo e na servidão por dívida.

Com os povos indígenas do Brasil, Kátia Abreu, senadora pelo Estado do Tocantins e presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), tem tido uma raivosa e nefasta atuação.

Com efeito, ela vem agindo junto ao governo federal para garantir que as condicionantes impostas pelo Supremo no julgamento da demarcação da área indígena Raposa Serra do Sol sejam estendidas, de qualquer forma, aos demais procedimentos demarcatórios.

Com a bancada ruralista, ela pressionou a Advocacia-Geral da União (AGU), especialmente o ministro Luís Inácio Adams. Prova disso foi a audiência na AGU, em novembro de 2011, na qual entregou, ao lado do senador Waldemir Moka (PMDB-MS), documento propondo a criação de norma sobre a demarcação de terras indígenas em todo o país.

O ministro Luís Adams se deixou levar e assinou a desastrosa portaria nº 303, de 16/7/12. Kátia Abreu, ao tomar conhecimento desse ato, desabafou exultante: "Com a nova portaria, o ministro Luís Adams mostrou sensibilidade e elevou o campo brasileiro a um novo patamar de segurança jurídica".

Até mesmo com relação à terra de posse imemorial do povo xavante de Marãiwatsèdè, ao norte do Mato Grosso, que ganhou em todas as instâncias do Judiciário o reconhecimento de que são terras indígenas, Kátia Abreu assinou nota, como presidente da CNA, xingando os índios de "invasores".

Concluindo, as lideranças camponesas e indígenas estão muito apreensivas com o estranho poder econômico, político, classista, concentracionista e cruel detido por essa mulher que, segundo dizem, está para ser ministra de Dilma Rousseff. E se perguntam: "Não é isso o Poder do Mal?" No Evangelho, Jesus ensinou aos discípulos a enfrentar o Poder do Mal, recomendando-lhes: "Esta espécie de Poder só se enfrenta pela oração e pelo jejum" (Cf. Mt 17,21).

* Paulo Balduino de Sousa Décio, o Dom Tomás Balduino, 90, mestre em teologia, é bispo emérito da cidade de Goiás e conselheiro permanente da Comissão Pastoral da Terra.

FONTE: Blog do Miro

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

POR QUE OCUPAMOS O INSTITUTO LULA



Chegamos a uma situação limite.

Somos 68 famílias que, depois de anos e anos de luta, fomos assentadas num terreno de 104 hectares localizado entre os municípios de Americana e Cosmópolis. Este terreno pertenceu à família Abdalla, ricos empresários que perderam o a área durante a ditadura militar por dívidas trabalhistas.

Em 2006, o presidente Lula e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) nos instalaram no Sítio Boa Vista. Desde então, para a consolidação deste assentamento, depositamos tudo o que tínhamos: nosso trabalho e nossa vida na produção de alimentos saudáveis, sem o uso de agrotóxicos. Passamos por inúmeras dificuldades para produzir. Mesmo assim, passo a passo, conseguimos estabelecer parcerias com mais de 40 entidades e escolas através do Programa Doação Simultânea. E, hoje, temos orgulho de dizer que somos uma comunidade que fornece mais de 300 toneladas de alimentos para a região metropolitana de Campinas.

Após consolidarmos nossas vidas nesta terra com o suor de anos de trabalho e dedicação, recebemos em maio de 2012 a notícia de que a família Abdalla, aliando-se à Usina Ester, havia recuperado as terras na justiça e ganho o seu direito de posse. A justiça federal, então, emitiu um aviso ao INCRA de que deveríamos ser retirados em prazo determinado, caso contrário, haveria a reintegração de posse do terreno.

O INCRA moveu vários recursos em vão. Realizamos audiências com os representantes do órgão, que afirmavam que não sairíamos do assentamento e que, se fosse preciso, seria assinado o decreto de desapropriação por interesse social. Fizemos reunião com representantes do governo federal; e estes também garantiram que o problema seria resolvido, sem que precisássemos deixar nossas casas. No entanto, o tempo passou e nada mudou. Ao contrário, para a nossa aflição, aproxima-se a data em que assistiremos à destruição do esforço de toda uma vida: nossas casas, nossas plantações, nossos sonhos.
Sabemos que todas as possibilidades jurídicas já foram esgotadas e que o destino de nossas famílias depende, isto sim, da vontade política de quem pode decidir. Também sabemos que não nos resta outra alternativa senão um grito de apelo.

Lembramos que há exatamente um ano, em um quadro bastante semelhante, 1600 famílias foram brutalmente despejadas da área do Pinheirinho. Um representante político como Lula, que agora tem a honra de batizar uma instituição que zela pelo “exercício pleno da democracia e a inclusão social”, não pode permitir que uma situação dessas se repita.

Lula foi o Presidente da República que, em 2006, assinou a concessão do terreno do Assentamento Milton Santos para fins de reforma agrária. Todo processo ocorreu com o seu conhecimento e do órgão do governo federal responsável pelo assunto, o Incra.

Confiamos que o peso de sua figura política seja capaz de interceder em favor de nós, assentados, e estabelecer um diálogo mais direto com a presidente Dilma Rousseff, para que esta se disponha a nos receber pessoalmente em uma audiência e assine o decreto de desapropriação por interesse social.

Assentadas e assentados do Milton Santos


Jornal "El País" divulga imagem falsa de Chávez durante tratamento contra câncer


O jornal espanhol "El País" publicou na madrugada desta quinta-feira (24) uma imagem falsa do presidente venezuelano, Hugo Chávez, durante o tratamento contra o câncer. O fato obrigou uma das mais respeitadas publicações do mundo a recolher das bancas a sua versão impressa de hoje, que trazia na primeira página a suposta foto de Chávez.
A imagem, de baixa qualidade, mostra um homem com tubos em sua boca. A foto chegou a aparecer com destaque na página principal da versão online do "El País" (foto), na madrugada desta quinta-feira, mas foi retirada do ar cerca de meia-hora depois.
Inicialmente, o jornal informou que a imagem havia sido registrada "há poucos dias" e que "não pôde verificar de forma independente as circunstâncias em que foi tirada, tampouco o momento preciso e o lugar".
Horas depois, o periódico publicou nota, se retratando do erro. "O El País retirou de sua página na internet a foto que mostrava um homem entubado em uma cama de hospital e que uma agência de notícias havia fornecido ao jornal, afirmando que se tratava de Hugo Chávez, presidente da Venezuela", informa o comunicado.


Ainda de acordo com o "El País", "ao constatar que a imagem não era de Chávez, o jornal paralisou a distribuição de sua edição impressa e enviou uma nova aos pontos de venda". O jornal esclareceu ainda que "o incidente pode ocasionar que a edição desta quinta-feira não esteja disponível em algumas bancas, tanto na Espanha como fora do país".

O ministro das Comunicações da Venezuela, Ernesto Villegas, criticou o diário. Em sua conta no Twitter, ele classificou como "grotesca e falsa" a foto publicada na primeira página do jornal.

Veracidade da imagem em xeque

Minutos após a publicação da imagem pelo UOL, um internauta denunciou que a imagem era falsa. "Este não é Chávez. Procurem no Youtube pelo vídeo 'Intubacion de Acromegalia AMVAD' e vocês vão ver o vídeo de onde tiraram esta foto", afirmou.
A reportagem do UOL assistiu ao vídeo em questão e constatou semelhanças entre as imagens sem poder, no entanto, atestar a veracidade da foto. O "El País" não cita o vídeo em seu comunicado.

Tratamento médico

O presidente de 58 anos está desde de 10 de dezembro do ano passado em Havana (Cuba), onde se submeteu a uma cirurgia - a quarta intervenção cirúrgica nos últimos 18 meses - como parte do tratamento contra o câncer. A doença foi diagnosticada em meados de 2011.
Chávez não pôde tomar posse para o mandato 2013-2019, no último dia 10, devido a sua situação de saúde. O Tribunal Superior de Justiça (TSJ) aprovou, um dia antes da data prevista para a juramentação, que o ato fosse postergado e ainda a continuidade do Executivo liderado pelo vice-presidente, Nicolás Maduro, a quem Chávez delegou algumas funções. (Com Efe)


quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Mussolini e o império secreto de imóveis comerciais do Vaticano


Vaticano é dono oculto de imóveis caros em Londres

DO "GUARDIAN"

Poucos turistas em visita a Londres imaginariam que as instalações da refinada joalheria Bulgari em New Bond Street têm qualquer conexão com o papa. O mesmo vale para a sede do próspero banco de investimento Altium Capital, na esquina de St. James' Square e Pall Mall.

Mas esses edifícios de escritórios em um dos bairros mais caros de Londres são parte de um surpreendente império secreto de imóveis comerciais do Vaticano.

Por trás de uma estrutura disfarçada por companhias de paraísos fiscais, a carteira internacional de imóveis da igreja foi expandida ao longo dos anos, com o uso de dinheiro pago originalmente por Mussolini em troca do reconhecimento do regime fascista pelo papa, em 1929.

Desde então, o valor internacional desse patrimônio criado com a ajuda de Mussolini vem crescendo até atingir os 500 milhões de libras.

Em 2006, no auge da mais recente bolha imobiliária, o Vaticano investiu 15 milhões de libras desse dinheiro para adquirir o imóvel do nº 30, St. James' Square. Outros imóveis britânicos controlados pela igreja ficam em 168 New Bond Street e na cidade de Coventry. O Vaticano também controla edifícios de apartamentos em Paris e na Suíça.

O aspecto surpreendente da história, para alguns, será o esforço do Vaticano para preservar o sigilo sobre os milhões de Mussolini. O edifício da St. James' Square foi adquirido por uma empresa chamada British Grolux Investment, que detém outros imóveis no Reino Unido.

O registro de empresas britânico não revela os verdadeiros proprietários da empresa e não menciona o Vaticano.

Menciona dois acionistas nominais, ambos proeminentes executivos bancários católicos: John Varley, que até recentemente presidia o Barclays Bank, e Robin Herbert, ex-executivo do banco de investimento Leopold Joseph.

O "Guardian" enviou cartas a ambos perguntando a quem eles representavam, mas não recebeu respostas. A lei britânica permite que os verdadeiros proprietários de uma empresa sejam protegidos por sócios nominais.

BANQUEIRO

Os investimentos com o dinheiro de Mussolini no Reino Unido são controlados hoje, em companhia de outras propriedades europeias e de uma subsidiária de câmbio, por um funcionário do Vaticano em Roma, Paolo Mennini, que opera como banqueiro de investimento do papa.

Mennini comanda uma divisão especial do Vaticano, a divisão extraordinária da Amministrazione del Patrimonio della Sede Apostolica, que administra o chamado "patrimônio da Santa Sé".

De acordo com um relatório do Conselho da Europa no ano passado, que investigou os controles financeiros do Vaticano, os ativos controlados pela divisão de Mennini superam € 680 milhões.

Embora o sigilo quanto à origem fascista da riqueza papal pudesse ser compreensível durante a guerra, o que fica menos claro é o motivo para que o Vaticano tenha continuado a guardar segredo sobre suas propriedades em Londres mesmo depois que sua estrutura financeira foi reorganizada, em 1999.

O "Guardian" perguntou ao representante do Vaticano em Londres, o núncio apostólico Antonio Mennini, por que o papado continuava a manter tanto segredo sobre seus investimentos imobiliários na cidade. Também perguntou em que o papa gastava a receita gerada por eles.

Confirmando sua tradição de silêncio sobre o tema, um porta-voz da Igreja Católica afirmou que o núncio nada tinha a declarar.
Tradução de PAULO MIGLIACCI


terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Uma tentativa de apagar a memória em agressão à História



Em seu artigo, "Nuremberga, a Memória  na História", publicado em 18/01/2013, no site ODiario.info, Miguel Urbano Rodrigues, começa dizendo o seguinte:

Na Europa, as campanhas de branqueamento do fascismo ganharam amplitude nos últimos anos. Em livros, na televisão e em mesas redondas, historiadores, politólogos e sociólogos esforçam-se por negar, em Portugal, na Espanha, na Hungria, na Romênia que Salazar, Franco, Horthy e Antonesco tenham sido ditadores e qualificam os seus regimes de "autoritários”, afirmando que praticaram politicas musculadas. A própria ação das polícias políticas é minimizada. Os fascismos ibéricos, nomeadamente, teriam sido uma invenção dos comunistas.
Na Itália os políticos de direita vão mais longe. Partidos neofascistas têm exercido o poder e Mussolini é apresentado por destacados intelectuais como um estadista progressista, autor de uma obra revolucionária.
Assim se tenta apagar a memória em agressão à História.



Prefácio de Lev Smirnov ao livro “O processo de Nuremberga” de Arkadi Poltorak
PUBLICADO EM ODiario.info

Smirnov teve um papel muito destacado no referido julgamento, bem como no processo de Tóquio, em que foram igualmente julgados fascistas japoneses.

A exigência da constituição de um Tribunal Militar Internacional para julgar os monstruosos crimes nazi-fascistas fora apresentada pelo Governo Soviético ainda em Outubro de 1942, e tivera eco imediato numa declaração de Roosevelt. É importante a referência, porque esta exigência soviética é apresentada cerca de um ano antes da abertura da “2ª frente”, ou seja, numa altura em que recaía fundamentalmente sobre o Exército Vermelho a tarefa de enfrentar a gigantesca máquina de guerra nazi-fascista. É apresentada num momento em que ainda não está em marcha a contra-ofensiva em Stalingrado, em que ainda não se travou a batalha decisiva de Koursk.

A constituição do Tribunal Militar Internacional e o processo de Nuremberga não constituíram, como alegam alguns reaccionários, um “julgamento dos vencidos pelos vencedores”. Tratou-se de um julgamento com todas as garantias jurídicas, em que responsáveis por crimes de uma escala e barbaridade sem precedentes foram condenados, não como derrotados, mas como executores da mais monstruosa engrenagem de extermínio que o imperialismo foi até hoje capaz de engendrar.
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Prefácio de Lev Smirnov ao livro O Processo de Nuremberga, de Arkadi Poltorak, Edições Progresso, Moscovo 1989

Na noite de 9 de Maio de 1945, no edifício da Escola de Engenharia de Karlhorst, nos arredores de Berlim, foi assinado o ato de rendição incondicional da Alemanha hitleriana.

O desfecho da Segunda Guerra Mundial, a mais sangrenta e devastadora da história da humanidade, há muito que estava previsto. Tinham cessado em Berlim os combates de rua, no Reichstag drapejava a bandeira vermelha. Hitler, o mentor de toda a camarilha nazi, suicidara-se, ele que tinha imposto aos fascistas alemães a tarefa de conquistar o mundo e declarara com arrogância: “Mesmo que não sejamos bem-sucedidos, arrastaremos na nossa ruína metade do mundo… 1918 não se repetirá. Não capitularemos nunca».

A heróica façanha do povo soviético fez abortar os abomináveis projetos dos hitlerianos. A civilização foi salva ao preço de imensos esforços e sacrifícios de toda a. coligação anti­hitleriana e, em primeiro lugar, da URSS. Hitler não conseguiu destruir metade do mundo mas os nazis, durante a guerra de agressão por eles desencadeada, cometeram crimes monstruosos, sem precedentes na História.

Esses crimes eram concebidos e friamente calculados à medida que se iam elaborando os metódicos planos de agressão. Ao prepararem-Se para anexar a Checoslováquia, os generais hitlerianos do Alto
Cornando projetaram, conjuntamente com os SS do Serviço de Segurança de Himmler, a atividade de Einsatzgruppen que deviam não só suprimir os elementos oposicionistas mas também promover o extermínio em massa dos povos eslavos deste país, com vista à «germanização» total dos territórios invadidos. Ao mesmo tempo que preparavam o plano de invasão da União Soviética, dito “Plano Barbarossa», os carrascos hitlerianos davam os últimos retoques à “disposição relativa a uma jurisdição especial para a zona Barbarossa>>, documento monstruoso em que as atrocidades contra a população civil e os prisioneiros de guerra se erigiam em política de Estado.

Muito tempo antes da agressão contra a URSS, dizia Hitler a Rauschning, familiar seu: «Devemos desenvolver a técnica do despovoamento. Se me perguntar o que entendo por despovoamento, responder-lhe-ei que encaro isso como a supressão de unidades raciais inteiras. E vê o que tenho intenção de fazer. É essa, na globalidade, a minha tarefa. A natureza é cruel e é por isso que nós podemos ser também cruéis. Tenho o direito de exterminar milhões de seres de raças inferiores que se multiplicam como larvas.”

Com vista à aplicação deste programa de canibais foram inventados venenos de efeito rápido como o “Ciclone A» e o «Ciclone B>>, máquinas de matar como os Gaswagen, mecanismos para triturar os ossos humanos, aparelhos para os transformar em adubos; foram descobertos métodos para tratar a pele humana para fins industriais. Foram fundadas firmas especiais para elaborar diversos tipos de fornos crematórios para uso nos campos de exterminação.

Toda a guerra de agressão desencadeada pelo imperialismo é um terrível crime contra a paz e a humanidade. Mas em todo o historial bélico nunca tinha sido vista atividade criminosa tão intensa e tão propagada como a do hitlerismo durante a Segunda Guerra Mundial. Segundo os desígnios de Hitler e dos seus cúmplices, o fim dessa guerra devia marcar o início de novos malefícios para os povos subjugados.

Pelo menos doze milhões de homens foram assassinados nos campos de concentração e nos centros de exterminação em massa em que os Einsatzgruppen se dedicavam às suas «operações especiais” nas câmaras de gás, no decurso de odiosas experiências e por outros meios selvagens. Após a guerra, os hitlerianos contavam exterminar ainda mais trinta milhões de eslavos. Estes horripilantes cálculos assumiam a forma de ordens e instruções.

Mas a despeito dos desígnios desses maníacos, a guerra culminou no esmagamento total da máquina política e militar hitleriana. Chegou para eles a hora de expiarem as suas perversidades.

O Tribunal Militar Internacional não podia deixar de ser instituído, porque a opinião pública mundial jamais teria tolerado que os criminosos ficassem impunes. Já na Declaração dos dirigentes das três potências da coligação anti-hitleriana, publicada em Outubro de 1943, eram prevenidos os oficiais alemães e os membros do partido nazi que tivessem diretamente participado nas atrocidades, massacres e execuções em territórios ocupados de que seriam “enviados para os países em que os seus abomináveis atos tinham sido cometidos, a fim de aí serem julgados e punidos segundo as leis desses países libertados”. «Que aqueles que ainda não mancharam as mãos no sangue dos inocentes - dizia mais adiante essa mesma Declaração - tenham cuidado em não se juntarem às fileiras dos culpados, porque as três Potências Aliadas persegui-los-ão até ao fim do mundo e entregá-los-ão aos seus acusadores para que seja feita justiça”. A Declaração constatava, por outro lado, que não se referia ao caso dos grandes criminosos de guerra alemães cujos atos não diziam respeito a um lugar geográfico determinado e que esses seriam punidos por decisão comum dos Governos Aliados.

A exigência de que fosse instituído um Tribunal Militar Internacional para julgar os dirigentes criminosos do regime nazi está contida na Declaração do Governo Soviético de 14 de Outubro de 1942 «Sobre a responsabilidade dos invasores hitlerianos e dos Seus cúmplices que cometeram crimes nos países ocupados da Europa”. Porta-voz de toda a humanidade progressista, o Governo Soviético declarava que castigar com severidade os desmascarados caudilhos do bando hitleriano devia ser considerado como um premente dever para com as viúvas e órfãos, pais e amigos das vítimas inocentes torturadas e levadas à morte por ordem dos acima mencionados criminosos. O Governo Soviético achava necessário fazer comparecer perante um Tribunal Internacional e punir com todo o rigor da lei qualquer chefe da Alemanha fascista que, no decurso da guerra, tivesse caído nas “mãos das autoridades dos países em luta contra a Alemanha hitleriana”.

Na mesma época, em Outubro de 1942, sob pressão da opinião pública americana, o presidente Franklin Roosevelt interveio, ele também, contra os bonzos nazis. Declarou ele que essa camarilha de chefes e seus ferozes cúmplices devia ser “denunciada, detida e julgada segundo o código penal”.

A instituição do Tribunal Internacional de Nuremberga respondia pois inteiramente ao desejo de os povos verem castigar com toda a severidade os grandes criminosos de guerra hitlerianos, bem como às declarações oficiais dos governos da coligação anti•hitleriana publicadas durante a guerra.

O processo, estritamente conduzido segundo as regras usuais da justiça, incluindo o direito à defesa atribuído aos réus, permitiu examinar meticulosa e objetivamente as provas de culpabilidade de pessoas concretas e, mais ainda, desempenhou um primordial papel na revelação de todos os horrores do fascismo engendrado pelo capital monopolista alemão.

O medo de um justo castigo levou Hitler ao suicídio, bem como Himmler e Goebbels. Também acossado por esse pavor, Ley, o repressor dos sindicatos alemães, matou-se na sua cela da prisão de Nuremberga. Mas a maioria dos mais ativos cúmplices de Hitler tiveram de responder pelas suas atrocidades. Traduzidos em justiça perante o Tribunal Militar Internacional, eles foram julgados e condenados à merecida pena.

Foram levados a julgamento:

Hermann Wilhelm Goeríng, marechal do Reich, comandante da Força Aérea da Alemanha hitleriana, braço direito de Hitler desde 1922, fundador e chefe dos destacamentos de choque (SA), um dos organizadores do incêndio do Reichstag e da tomada do poder pelos nazis;
Rudolf Hess, adjunto de Hitler no partido nazi, ministro sem pasta, membro do Conselho Secreto, membro do Conselho de Ministros para a Defesa do Reich;
Joachim Von Ribbentrop, responsável do partido nazi para as questões de política externa, depois embaixador na Inglaterra e ministro dos Negócios Estrangeiros;
Robert Ley, um dos dirigentes do partido nazi, chefe da chamada «Frente do Trabalho»;
Wilhelm Keitel, marechal-de-campo, chefe do estado-maior supremo da Wehrmacht (OKW);
Ernst Kaltenbrunner, obergruppenfuhrer SS, chefe do Gabinete principal da Segurança do Reich (RSHA) e da Polícia de Segurança, braço direito de Himmler;
Alfred Rosenberg, adjunto de Hitler para as questões de “formação espiritual e ideológica» dos membros do partido nazi, ministro do Reich para os territórios ocupados do Leste;
Hans Frank, chefe do partido nazi para as questões jurídicas, presidente da Academia de Direito, depois ministro da justiça, governador-geral da Polónia;
Wilhelm Frick, ministro do Interior, responsável pelo protectorado da Boémia-Morávia;
Julius Streicher, um dos fundadores do partido nazi, Gauleiter da Francónia (1925-1940), instigador de pogroms judeus em Nuremberga, editor do diário anti-semita Der Sturmer, «ideólogo» do anti-semitismo;
Walther Funk, ministro-adjunto da Propaganda, depois ministro da Economia, presidente do Reichsbank e comissário-geral para a Economia de Guerra, membro do Conselho de Ministros para a Defesa do Reich e membro do Comité Central de Planificação;
Hjalmar Schacht, primeiro conselheiro de Hitler para as questões económicas e financeiras;
Gustav Krupp von Bohlen und Halbach, magnata da indústria, director e co-proprietário das fábricas Krupp, organizador do rearmamento da Alemanha;
Erich Raeder, Grande-almirante, ex-comandante das forças navais da Alemanha (1935-1943), almirante-inspector da Marinha de Guerra;
Karl Doenítz, Grande-almirante, comandante da frota de submarinos, depois comandante das Forças Navais da Alemanha e sucessor de Hitler no cargo de chefe do Estado;
Baldur von Schirach, organizador e dirigente da Hitlerjugend (juventude Hitleriana), Gauleiter do partido nazi e governador de Viena;
Fritz Sauckel, Obergruppenfuhrer SS, encarregado da administração da mão-de-obra requisitada nos países ocupados;
Alfred Jodl, general do exército, chefe do Gabinete de Operações do OKW;
Franz von Papen, importante espião e sabotador internacional, chefe da espionagem alemã nos Estados Unidos durante a Primeira Guerra Mundial, um dos organizadores da tomada do poder pelos hitlerianos, embaixador na Áustria e na Turquia;
Arthur Seyss-Inquart, um dos chefes do partido nazi, Statthalter da Áustria, vice-governador geral da Polónia, comissário dos territórios dos Países Baixos;
Albert Speer, amigo intimo de Hitler, ministro do Armamento, um dos directores do Comité Central de Planificação;
Konstantin von Neurath, ministro sem pasta, presidente do Conselho Secreto de Ministros e membro do Conselho de Defesa, chefe do protectorado da Boémia-Morávia;
Hans Fritzsche, secretário de Estado da Propaganda sob a autoridade de Goebbels, depois chefe da radiodifusão;
Martin Bormann (1) , chefe da chancelaria do partido, secretário e homem de confiança de Hitler.

Além disso, as potências que instituíram o Tribunal Internacional declararam-no competente para julgar os assuntos das seguintes organizações criminosas: «destacamentos de proteção” do partido hitleriano (SS); polícia secreta ou Gestapo (incluindo o Serviço de Segurança); direção do partido hitleriano; destacamentos de choque (SA); gabinete do Reich; Estado-Maior General e Alto Comando das Forças Armadas Alemãs. Os seus processos trouxeram à luz do dia o funcionamento do complexo e global mecanismo de que os nazis se serviam para levarem a cabo os seus odiosos planos.

Roman Rudenko, o procurado geral soviético, salientou ao caracterizar o processo de Nuremberga que era a primeira vez que eram julgados criminosos que se tinham apossado de todo um Estado para dele fazerem instrumento dos seus monstruosos crimes.

Pouco mais de seis meses mediaram entre o Dia da Vitória contra a Alemanha hitleriana e a inauguração do Tribunal Militar Internacional. Nestes entrementes tinha sido elaborado o Estatuto do Tribunal e as normas de funcionamento, recolhidas e sistematizadas as provas essenciais da Acusação, redigida a nota de culpa, ultimado e coordenado o funcionamento de um aparelho bastante complicado, representando as quatro Potências Aliadas.

Apesar da relativa brevidade da investigação, o volume de provas produzidas pela Acusação era considerável. O tribunal examinou mais de 3 mil documentos autênticos, interrogou duas centenas de
testemunhas (centenas de outras foram interrogadas por ordem sua por comissões especiais) e recebeu trezentos mil depoimentos sob juramento.

Muitas das provas eram documentos confiscados pelos exércitos aliados nos estados-maiores alemães, nos edifícios públicos e outros locais. Alguns foram descobertos em minas de sal, em subterrâneos, dentro de paredes falsas.

O livro relata a ambiência dos trabalhos do Tribunal Militar Internacional. As dezenas de homens de leis que nele representavam a URSS, os EUA, a Grã-Bretanha e a França eram, na sua maioria, magistrados altamente qualificados. Diferiam quanto às ideias políticas e jurídicas. Mas, salvo raras excepções, colaboraram frutuosamente ao longo de todo o processo e foram unânimes na sua aspiração de procurarem a verdade, de reconstituírem um quadro completo dos crimes hitlerianos e infligirem o justo castigo aos culpados.

Essa unanimidade foi favorecida pelo próprio carácter dos atos dos inculpados, pela inaudita crueldade e desumano cinismo dos seus crimes. O falecido Robert Jackson, procurador-geral americano, disse muito justamente na sua declaração da abertura:

“As nossas descrições e as nossas provas darão motivo ao vosso asco, ides dizer-me que vos privei do sono. Mas trata-­se de coisas que o mundo deve saber e que não nos compete camuflar aos olhos do mundo civilizado. A Alemanha tornou-se uma imensa câmara de torturas, por todo o mundo foram ouvidos os gritos das vítimas. Eu sou um dos que no decorrer da guerra recebi todas essas narrativas de atrocidades com a maior das desconfianças. Mas as provas são agora formais, direi mesmo que nem sequer uma única palavra poderá ser contraditada. Os réus apenas podem negar a sua responsabilidade pessoal». 

As predições de Jackson confirmaram-se. Se nas primeiras sessões do Tribunal os réus se tentaram debalde desculpar, seguidamente, no decorrer da argumentação, foram literalmente esmagados pelas provas. Os numerosos documentos, os depoimentos das vítimas e testemunhas eram irrefutáveis.

Arkadi Poltorak, que participou no processo de Nuremberga do primeiro ao último dia como chefe do secretariado soviético no Tribunal Internacional, soube transmitir a atmosfera que reinava na sala de audiências e nos corredores, pintou com fidelidade os retratos de alguns réus. Réus esses que convém uma vez mais recordar. A história dos seus crimes e do seu fim vergonhoso ultrapassa em muito o quadro das biografias individuais.

Quando as feridas causadas ao mundo pela agressão hitleriana ainda sangravam, o procurador-geral Jackson dizia:

«O que confere tal importância a esta audiência é que estes réus representam influências nefastas que, muito tempo depois de os seus corpos se terem desfeito em pó, inquietarão ainda o mundo. Eles são os símbolos vivos do ódio racial, do reino do terror, da arrogância e da crueldade, da vontade de poder, são os símbolos de um nacionalismo e de um militarismo selvagens, de intrigas e de preparativos para uma guerra no decurso da qual gerações inteiras na Europa foram transplantadas, em que homens foram exterminados, lares foram destruídos e toda a economia levada ao depauperamento. A tal ponto eles se identificaram com as suas ideologias e com as forças que eles próprios manipulavam que todo o ato de compaixão a seu respeito constituiria um triunfo e um encorajamento dado a todos os males que aos seus nomes se associam. A nossa civilização não pode admitir qualquer compromisso com estas correntes maléficas, que ressurgiriam com novo alento se não opuséssemos a estes homens, em que subsistem essas correntes, toda a nossa força e todo o nosso poder”.

Os princípios do Tribunal de Nuremberga, aprovados e homologados na qualidade de princípios do Direito Penal internacional pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, há quem os gostaria de votar ao esquecimento. O governo da República Federal da Alemanha já tentou amnistiar todos os criminosos nazis. Dezenas de milhares de facínoras culpados dos maiores crimes continuam a
gozar de impunidade na Alemanha ocidental. Mais ainda, muitos deles ocupam altos cargos na Administração, no Exército, na Polícia, na Justiça.

Há tempos atrás, Robert Kempner, antigo vogal americano (Poltorak menciona-o no seu livro) usou da palavra perante os estudantes de Nuremberga e fez notar com razão que na República Federal da Alemanha não se procedia a qualquer inquérito sobre os casos de mais de sete mil funcionários do «Departamento Central de Segurança”, esse mesmo RSHA cujo criminoso chefe Kaltenbrunner tinha sido enforcado por decisão do Tribunal Internacional. Continuam também impunes numerosos membros dos tribunais que condenaram à morte resistentes antifascistas e outros adversários do nazismo.

Os que assistiram ao processo de Nuremberga recordarão para sempre o interrogatório do Obersturmbarmfuhrer SS Hoess, ex­comandante do campo de concentração de Auschwitz. Quando lhe perguntaram se era verdade que os torcionários SS tinham queimado crianças vivas nos fornos crematórios, ele de imediato respondeu pela afirmativa. Depois acrescentou: «As crianças de tenra idade eram invariavelmente exterminadas, porque não eram capazes de trabalhar. . . Muitas vezes as mulheres escondiam-nas debaixo das roupas, mas quando as encontrávamos, claro, levávamo-las para exterminar». Hoess confessou que durante o período em que foi chefe do campo (Maio de 1940 a Setembro de 1943) foram gaseadas em Auschwitz dois milhões e quinhentas mil pessoas e outras quinhentas mil morreram de doença ou de fome. E a documentação recolhida pela comissão mista polaco-soviética revela que o número total dos mortos de Auschwitz ultrapassa os quatro milhões.

No seu veredicto, o Tribunal Militar Internacional constata que os campos de concentração tornaram-se afinal lugares de exterminação organizada e metódica. Os assassinos compraziam-se em requintes de crueldade. Submetiam com frequência homens vivos a experiências desumanas, incluindo diferentes experiências respeitantes às grandes altitudes, ao tempo em que seres humanos podem viver na água gelada, ao efeito de balas envenenadas e a certas doenças contagiosas. Foi experimentada a esterilização de homens e mulheres por meio de raios X e de outros métodos.

Os ideólogos do revanchismo esforçam-se por caluniar o processo de Nuremberga, por fazer cair no esquecimento e pôr em dúvida as atrocidades hitlerianas, por apresentar o julgamento e toda a atividade do Tribunal Militar Internacional como um ajuste de contas de vencedores para vencidos. Tentativas vãs, bem entendido, em relação àqueles que se lembram dos acontecimentos do tempo da guerra. Mas é importante que os que nasceram durante ou depois da guerra saibam também a verdade.

O veredicto do Tribunal Internacional foi justo. O tribunal condenou a agressão hitleriana e puniu severamente os principais criminosos de guerra nazis. Declarou criminosas as principais organizações
e instituições fundadas pelos hitlerianos para levarem a cabo os seus abomináveis planos. Não teve com certeza razão ao não declarar como criminosos o Estado-Maior General e o Alto Comando da Ale-
manha hitleriana. O juiz soviético salientou o facto na sua declaração particular. Mas apesar dessa divergência de pontos de vista num tão importante aspecto, ainda assim o Tribunal Militar Internacional
inscreveu no seu veredicto, a propósito dos oficiais superiores hitlerianos:

«Eles são grandemente responsáveis pelas desgraças e sofrimentos de milhões de seres humanos. Desacreditaram a honrosa profissão militar. Sem a conduta destas centenas de chefes das Forças Armadas, os intuitos agressivos de Hitler e dos outros nazis teriam permanecido teóricos e estéreis. Se bem que eles, nos termos do Estatuto, não tenham constituído um grupo, formaram sem sombra de dúvida uma casta militar implacável. O militarismo. alemão contemporâneo atingiu, como o seu recente aliado, o nacional-socialismo, uma breve expansão, comparável ou superior à das gerações anteriores.
O mundo deve saber que muitos destes homens ridicularizaram o juramento militar. Eles tinham de obedecer, dizem agora, quando isso lhes convém para a defesa; eles desobedeceram, dizem também, quando se verifica que estavam ao corrente dos crimes ou que guardaram silêncio, assistindo à perpetração dos crimes cometidos nas mais vastas e horrorosas proporções a que o mundo jamais teve a infelicidade de assistir”.

O livro de Poltorak fala-nos de um passado recente., Mas este testemunho vivo, colorido, fiel, mais não fez do que evocar acontecimentos que se tomaram históricos. Muitos factos aqui relatados permitem analisar no seu devido valor o presente, compreender que forças maléficas dirigem a actividade dos atuais ideólogos e pragmatistas da política revanchista, em que abismos de sofrimento os autores de uma nova guerra estão prestes a lançar a humanidade.

O hitlerismo, engendrado pelo capital monopolista alemão, subiu ao poder, consolidou-se e pôde cometer os seus incontáveis crimes graças ao apoio e participação imediata da reacção imperialista internacional. Como todo o fascismo, foi uma ditadura terrorista declarada das mais reacionárias forças imperialistas. Os industriais e grandes financeiros alemães - os Krupp, os Voegler, os Loewenfeld, os Schroeder, os Schnitzler, etc. - estavam por trás dos bandidos SS. Não contentes em pôr ao serviço da agressão hitleriana todo o potencial econômico da Alemanha, estes reis não coroados do capital participaram diretamente nos crimes mais horrendos dos hitlerianos, assassinando dezenas de milhares de vítimas no decurso de experiências atrozes, extenuando milhões de deportados reduzidos à escravatura e matando-os a seguir nas câmaras de gás cujos tóxicos eram fornecidos pela «IG Farbenindustrie», uma das mais poderosas associações monopolistas.

Poltorak relata em pormenor as manobras criminosas de Hjalmar Schacht, esse emissário do capital monopolista alemão ao governo hitleriano, estreitamente ligado aos maiores monopólios internacionais, O tribunal de Nuremberga, é sabido, absolveu Schacht por uma maioria de três votos contra um só (o do juiz soviético). Mas os milhares de pessoas que lerem este livro não o absolverão. Verão com toda a clareza qual foi o seu papel no desenvolvimento da conspiração nazi contra a paz, contra a humanidade.

O autor destrói a lenda da «oposição» de Schacht ao regime hitleriano. Aquando da derrocada do hitlerismo, o medo do castigo levou muitos dos seus criadores a declararem-se em «oposição». Uns, como Schacht e os participantes na conjura dos generais, fizeram-no mais cedo; outros, como Himmler e Goering, imediatamente antes da catástrofe. O facto é que até à agonia desta vergôntea do capital monopolista alemão, Schacht, o homem de confiança das forças reaccionárias, serviu fielmente Hitler e o seu regime. Na altura em que foi condecorado com a insígnia de ouro do partido nazi, saiu um texto oficial dedicado aos seus méritos, onde era dito não sem razão: «Ele soube ajudá-lo (ao partido nazi― L. Smirnov) bem melhor do que se tivesse sido seu membro».

O livro de Poltorak não pode evidentemente substituir as obras especializadas sobre o Tribunal Militar Internacional. Seria desejável que o leitor, depois de ter lido este livro, consultasse os estenogramas do processo publicados na URSS em muitos exemplares. Mas por outro lado há que salientar que este livro contém muitas coisas de que os estenogramas não dão nem poderiam dar conta.

O processo dos grandes criminosos de guerra da Alemanha hitleriana permanecerá para sempre como uma chamada de atenção eficaz para com as tenebrosas forças do militarismo. Os generosos princípios que inspiraram toda a sua atividade, o seu equitativo julgamento continuam a servir a luta pela paz e a segurança no mundo.


L. SMIRNOV
Presidente do Supremo Tribunal da URSS, vogal da URSS no processo de Nuremberga


1- Bormann foi julgado por falta de comparência em juízo segundo o Artigo 12 do Estatuto do Tribunal.