segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Que fazer?

Que fazer?, de Vladimir Ilich Lenin (1870-1924), é um texto de excepcional importância, teórica e prática. Uma releitura desta obra clássica pode trazer iluminações instigantes que nos ajudem a melhor enfrentar uma série de problemas fundamentais em nossa época. Principalmente no que diz respeito às questões relativas à organização das forças populares e à construção de uma cultura política e de uma consciência autenticamente revolucionárias. E, consequentemente, aos desafios postos pela conquista do poder. Evidentemente que o texto de Lenin não tem respostas prontas para as perguntas que hoje nos afligem, mas nele encontraremos elementos valiosos para construir soluções práticas que o momento exige.

Principais teses que constituem o corpus central do livro Que fazer?:
  • O revisionismo é menos uma tendência crítica que uma nova variedade do oportunismo e deve, portanto, ser energicamente combatido pelas forças revolucionárias.

  • Sem teoria revolucionária, não pode haver prática revolucionária.

  • A consciência socialista não prota espontaneamente das lutas do proletariado (e de outros sujeitos políticos).

  • A tarefa da socialdemocracia é transformar a luta sindical em luta política socialdemocrata. (Na época em que o texto foi redigido, em 1902, ainda não havia ocorrido a cisão entre a socialdemocracia, como a entendemos hoje, e os comunistas.)

  • O partido deve ser a vanguarda do desenvolvimento político.

  • A socialdemocracia requer uma organização de revolucionários profissionais.

  • A organização revolucionária deve ser altamente centralizada.
Em Que fazer?, encontra-se a primeira recriação da teoria marxista da política - a concepção de partido e da organização política do proletariado. Não há endeusamento algum de uma forma organizativa, mas adequação tática às circunstâncias imperantes. Uma avaliação do texto clássico de Lenin tem que levar em conta tanto seu contexto de produção como as condições de recepção que o presente nos impõe. Trata-se de uma obra de extraordinária envergadura teórica e ideológica; um livro altamente polêmico, mas que se dá ao trabalho de examinar minuciosamente cada um dos argumentos de seus adversários; e responde a uma preocupação concreta, isto é, a emergência de um grande movimento de massa chamado a mudar o curso da história da humanidade.
Indiscutivelmente, Lenin fez do marxismo "um guia para a ação".

Fonte: Boron, Atilio A. "Estudo introdutório - Atualidade de Que fazer?". In: LENIN, V.I. Que fazer?: a organização do sujeito político. São Paulo: Martins, 2006. pp. 09-79.

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