sábado, 24 de outubro de 2009

Salve o capitalismo!!! 80 anos do crash da Bolsa de Nova York

Aconteceu, há exatos 80 anos, dia 24 de outubro de 1929, o que entrou para a posteridade como a “Quinta-Feira Negra da Bolsa de Nova York”, que no período caiu 11%. Depois de anos de “orgia de especulação” – expressão do ministro britânico da Economia à época, Philip Snownden –, o mundo capitalista mergulhou na maior depressão econômica já conhecida. O caos se instalou, muitos perderam sua fortuna, sendo registrado vários casos de suicídio. No entanto, quem pagou a conta da crise foi a classe trabalhadora. A regra do capitalismo é simples: nos momentos de “orgia”, acumulação de capitais por alguns; na hora da crise, socialização dos prejuízos com todos, para minimizar as perdas daqueles que “fazem” a economia produzir, o chamado “setor produtivo”, os “grandes empreendedores”, os “homens de boa vontade”. Marx já afirmara, nos seus Manuscritos econômico-filosóficos, que “o trabalhador não precisa necessariamente ganhar com o ganho do capitalista, mas necessariamente perde quando ele perde”.

Economistas e cientistas sociais, em sua maioria, chamaram a atenção de que a seqüência da crise de 1929 e da do ano passado é mais ou menos a mesma. Ou seja, excessivo otimismo no mercado que não se sustentou e a perda de confiança. A diferença, apontam eles, é que a resposta mais eficiente dos governos de hoje evitou a estagnação. De quem? Injetou-se muito dinheiro no mercado para beneficiar os responsáveis pelo desastre financeiro.

Enquanto isso, 1,02 bilhões de pessoas estão passando fome no mundo em 2009, maior número em décadas, segundo informação do relatório anual sobre a fome no mundo da Organização para a Agricultura e Alimentos (FAO, na sigla em inglês). Ainda de acordo com os dados dessa agência da ONU, o aumento foi de cerca de 100 milhões a mais do que no ano passado.

“A alta no número de pessoas famintas é intolerável”, afirma a intelligentsia (políticos, jornalistas, acadêmicos, etc.), impregnada pela retórica do politicamente correto, do moralmente correto, do bem-pensar. A “indignação” com a fome no mundo é apenas uma idéia feita que se transmite e se repete acriticamente.

Quem produz a fome? Certamente, não é o faminto. Apesar de se fazer presente ao longo da história das sociedades humanas, na atualidade, a fome aumenta em decorrência da radicalidade da alienação e da exploração dos seres humanos pela empresa capitalista. Vivemos num mundo em que o poder perverso do dinheiro transforma e subverte os valores. Profeticamente, Marx denuncia, em seus Manuscritos, que “a valorização do mundo das coisas aumenta em proporção direta à desvalorização do mundo dos seres humanos”.
***
Por Marcos César de O. Pinheiro, mestre e doutorando do Programa de Pós-graduação em História Comparada (PPGHC/UFRJ), professor de história da rede de educação pública de Rio das Ostras (RJ)


xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Nenhum comentário:

Postar um comentário